
A reabilitação é um processo dinâmico,contínuo,progressivo e,principalmente, educativo,tendo como objetivos a restauração funcional do indivíduo, sua reintegração à família e à sociedade.Conforme salienta Brumel-Smith (1997), o processo de reabilitação do idoso não se dá da mesma forma para todos que têm o mesmo diagnóstico . Mas, de um modo geral, a autora aponta os seguintes passos para a reabilitação dos idosos:
- Estabilizar o problema primário e prevenir complicações que podem ser tarefas difíceis frente à presença de múltiplas afecções. À medida que se envelhece, aparecem as doenças crônicas, caracterizadas pela hipertensão arterial, diabetes, entre outras , desencadeando limitações funcionais.
- Restaurar a função perdida, embora a causa não possa ser resolvida. O idoso pode adquirir independência total ou parcial compatível com seu estilo de vida. O envelhecimento vai-se alterando, causando um comprometimento da capacidade funcional para as atividades básicas diárias.
- Promover adaptação do idoso ao seu ambiente e à família, pois geralmente ele apresenta dificuldade para conviver com suas deficiências,além de apoio familiar se deparar com a escassez de recursos financeiros.
Outro ponto salientado por Butler (1991) refere-se à hospitalização do idoso.A inatividade imposta durante esse período resulta no aumento da perda funcional, gerando um ciclo vicioso no qual o idoso torna-se menos capaz de retornar ao seu nível anterior de atividades e com maior risco de apresentar problemas físicos, emocionais e sociais. A atuação da equipe multidisciplinar, neste momento, é um processo fundamentalmente educativo e necessário.
A atuação de enfermeiros junto ao idoso deve estar centrada na educação para a saúde, no “cuidar”, tendo como base o conhecimento do processo de senilidade. Estar em atento ao retorno das possíveis atividades do idoso e de sua capacidade funcional. O objetivo primordial dos enfermeiros é atentar às necessidades básicas, à dependência e ao bem- estar do idoso. Tal colocação tem como base a assistência de enfermagem tanto na saúde quanto na doença.
Todos os profissionais envolvidos neste trabalho de ajuda ao idoso devem atuar, também, junto a seus familiares, apoiando-os nas decisões, ajudando-os a aceitar as alterações físicas advindas de doenças próprias da idade.Conforme mencionamos anteriormente, o idoso pode apresentar vários problemas que levam ao comprometimento da sua reabilitação. Salientam-se os seguintes:
- Dificuldades de transporte para o centro de reabilitação.
- Desânimo, depressão, crise de choro e idéias de suicídio, muitas vezes observados durante a consulta de enfermagem. É de extrema importância os enfermeiros, nessas situações, serem sensíveis para detectar tais problemas, interagindo com o idoso, a família e demais membros da equipe.
- Suporte psicológico e emocional aos familiares que apresentam dificuldades em aceitar as mudanças comportamentais do idoso.
O trabalho com a família não é uma prática à qual todos os profissionais de saúde estão acostumados ou habilitados. É, sem dúvida, uma condição básica para o sucesso de qualquer intervenção domiciliar. Isso se torna importante quando a equipe necessita sugerir à família modificações ambientais ou de rotina, visando ao bem-estar do idoso.

- Frio
- Calor
- Fome
- Desconforto
- Dor, etc.
Além disso, cabe ao cuidador dar atenção, passar tranqüilidade, e proporcionar o melhor para o paciente, com calma e segurança. O cuidador deverá tratá-lo com amor, carinho,respeito, paciência e chamá-lo pelo nome. Isso fortalece a empatia entre idoso e cuidador.
O cuidador é “gente que cuida de gente”, como afirmou a saudosa enfermeira brasileira Wanda Horta, cuja vida pessoal e profissional foi marcada por notável sensibilidade humana.Uma vez comprometida a capacidade funcional do idoso,algum tipo de suporte e auxílio será necessário,seja ele em âmbito institucional – asilo, casas de repouso, e outros – ou em âmbito domiciliar. È importante, no entanto, que se compreenda o significado do cuidado do idoso em seu ambiente doméstico, o que muito difere de qualquer outro ambiente institucional (Duarte e Diogo, 2000).De acordo com a Portaria nº 73, de 10 de maio de 2001, que dispõe sobre as “Normas de funcionamento de serviços de atenção ao idoso no Brasil”, assistência domiciliar é aquela prestada à pessoa idosa com algum nível de dependência, com vistas à promoção da autonomia, permanência no próprio domicílio, reforço dos vínculos familiares e vizinhança.Essa modalidade de atuação destina-se a idosos dependentes e semidependentes.Tem por objetivos:
- Dar mais liberdade ao idoso para que ele permaneça em sua residência pelo maior tempo possível.
- Manter a individualidade do idoso, adaptando, com flexibilidade, às peculiaridades concretas do ambiente.
- Respeitar os aspectos físicos e afetivos da pessoa idosa, que busca sua autonomia.
- Criar ou aprimorar hábitos saudáveis como, por exemplo, aqueles referentes à higiene, à alimentação, à prevenção de quedas ou acidentes.
- Reforçar os vínculos familiares e sociais.
Assim sendo, enquanto cliente da Enfermagem, o processo de cuidar da pessoa idosa também considera os aspectos biopsicossociais e espirituais vivenciados pelo idoso e pela família.
O cuidado da saúde de pessoas idosas envolve metas como: promoção de uma vida saudável no que diz respeito às suas limitações e incapacidades; trabalho com o idoso e sua participação no contexto como um todo.
Resumindo,cuidado significa desvelo, zelo, atenção, bom trato.Assim, o ato de cuidar pode ser entendido como uma atitude constante de ocupação, preocupação, responsabilidade e envolvimento com o semelhante.
Somem-se os valores de solidariedade,respeito, afeto e compaixão. Isso só pode ocorrer com uma dinâmica terapêutica do profissional com o idoso e seus familiares.
O fazer, o agir é uma responsabilidade de todo ser humano. Cuidar de uma pessoa é um teste de amor e um exercício de paciência. Esse cuidar requer proteção e acolhimento.
“Cuidar é, na verdade, espargir amor,esbanjar carinho e felicidade a quem precisa” (Enf ª. Maria Júlia Paes da Silva).
Enfermeira Marlene Gervásio Silva
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUM, A. K. R.; TOCANTIS,F.R.; SILVA,T.J.E.S.; O enfermeiro como instrumento de ação no cuidar do idoso. Revista: Latino Americano de Enfermagem, Ribeirão Preto v.13n°6. nov/dez 2005.
DIOGO, M. J.E.; O papel da enfermeira na reabilitação do idoso.Revista: Latino Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto v.8 n°1.Jan.2000.
FREITAS, E. V.; PY, L.; CANÇADO, F.A . X.; GORZONI, M. L.; ROCHA,S. M.Tratado de geriatria e gerontologia. Guanabara Koogas, Rio de Janeiro,2002.
SALES, F. M.; SANTOS, I.; Perfil de idosos hospitalizados e nível de dependência de cuidados de enfermagem: identificação de necessidades. Texto & contexto – enfermagem. Florianópolis, V.16 n° 3, jul/set 2007.
SITE: http://www.cuidardeidosos.com.br/a-enfermagem-e-o-cuidado-do-idoso-dependente/
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